sexta-feira, julho 14, 2006

A cada um a sua missão

Num esforço digno de monta para justificar o injustificável o Nosso Cavaco (NC) lança-se em longo comentário numa série de confusões estranhas em alguém que devia ter ideias claras.
Penso que a razão será do calor.
Ou talvez não.
Talvez o interesse seja misturar tudo, para lançar uma cortina de fumo sobre a populaça.

Vamos lá então a isto: eu manifesto solidariedade ou divulgo com gosto posições de pessoas ou grupos de pessoas com as quais posso ter maior ou menor grau de afinidade.
Quando assino AV1 é a minha opinião.
Quando são outros a assinar os posts, já não será o caso.

NC incorre (involuntariamente, espero) em dois erros de palmatória:

- Afirma que eu elogiei o livro do ex-vereador portuense Paulo Marques, no qual ele manifesta adesão a um "modelo americano" qualquer de gestão urbanística ou autárquica. Está errado por várias razões, sendo a principal a que eu nunca aqui falei do livro ou sequer o referenciei. Porquê? Porque o não li e não posso manifestar apoio a uma posição que desconheço. Apenas houve uma altura em que citei passagens de um entrevista do homem. Quem destacou o livro foi o meu caro colega blogueiro Ponto Verde no seu blog A-Sul, não fui eu. Por estranho que pareça, não somos a mesma pessoa, não nos conhecemos pessoalmente, não sei sequer quem ele é em concreto, apesar de simpatizar com muitas das posições dele.

- Afirma ainda que eu tenho um qualquer problema com a questão da REN e respectiva legislação. Outro equívoco (espero que involuntário repito), pois quem tem abundantemente citado e argumentado com base nessa lei tem sido o nosso leitor e colaborador que se denomina Conservador. Eu "apenas" estou contra a lógica global subjacente a todo o PDM, com ou sem REN. Discordo da mancha urbana prevista, discordo do destino nebuloso reservado à zona ribeirinha típica do estuário, discordo da opção pelo betonismo e pelo crescimento demográfico sem estruturas que o suportem devidamente, como tem acontecido até agora. Não quero saber se é culpa do Poder Central se não fazem isto ou aquilo; acho que as autoridades locais devem promover um crescimento ou desenvolvimento sustentado/equilibrado e isso passa por olhar para o que há e projectar o futuro sem ser com base em megalomanias, em acordos pré-existentes feitos a contar com o ovo antes de sair do esfíncter da galinha e com a pura e simples alienação de todo o tipo de terreno com interesse para loteamento pelos interesses privados. A REN no meio disto é apenas mais um elemento. A lei da REN é da responsabilidade dos socialistas? Pois seja! E o desenho da REN local foi da responsabilidade de quem?

A verdade límpida é que andam a tentar esconder o sol com uma peneira e até acredito que o consigam, porque a malta por cá acha que estas coisas da conservação da Natureza é mania de elitistas e conservadores doidinhos.
Se eu fosse dado a processos de intenções diria que NC opta deliberadamente por tudo confundir, tudo misturar, para alargar o alvo sobre o qual dispara. É uma técnica como qualquer outra. Há os que defendem que as balizas devem ser maiores para ser mais fácil marcar golo, em vez de apurarem a técnica do chuto.
Eu não estou interessado nisso e gosto de clareza.
E a minha posição é que o projecto de PDM não serve para o concelho porque tem uma lógica de ocupação do solo que é errada, que compromete a qualidade de vida das populações, que aposta num modelo de suburbanização ultrapassado e que já arruinou grande parte da margem norte (com responsabilidades do PSD ao PCP). Nisto tudo, a REN é um aspecto - importante, é certo - que a autarquia tentou resolver da forma mais cómoda, mais rentável para os seus cofres e eleitoralmente com menos custos, sacrificando a população da Barra Cheia.
Eu, por exemplo, tinha preferido que toda a zona a nascente das Morçoas e das Arroteias (leia-se Quinta da Fonte da Prata) não se fosse expandir desmesuradamente, assim como gostaria de uma zona de protecção às margens taganas que não existe na prática.

Se perceber a minha posição e a distinguir das de outros, com as quais terei alguns pontos de contacto mas que não são minhas, talvez eu deixe de implicar com o mau uso que aparentemente dá da sua formação académica, implicação que já notei que lhe toca num ponto sensível.

Mas, à laia de fecho, afirmo-lhe o que já respondi em outrro lado
Se a autarquia (e note que não escrevo "o partido" ou "a ideologia") que serve conseguir impor este modelo de desenvolvimento, graças a manobras diversas de diversão e a pura teimosia, dou-lhe os meus lamentosos cumprimentos, pela missão que ajudou a concretizar.

AV1

2 comentários:

nunocavaco disse...

Em primeiro lugar tenho a dizer que tanto se me dá que você ou outro alguém considerem que sou incompetente ou muito competente. Já deixei de jogar às caricas à muito tempo.
Em segundo lugar você tem a sua opinião, que é legitima e ainda bem que a partilha mas, existem outras, igualmente legitimas e que também são partilhadas. O ponto fundamental do P.D.M. é perceber se o que vem cartografado a nível da R.E.N. é responsabilidade única e exclusiva da autarquica ou se é ponto de lei, ou seja se é imposta pela demarcação/delimitação da lei da R.E.N. (isto é extensível à lei da R.A.N.). Um bom post a fazer (não digo por si, mas por alguém) era pegar nos critérios de delimitação das Reservas e comparar com o que saiu, aí muitas das dúvidas seriam mais facilmente explicadas e pode querer que se percebia facilmente a inutilidade de uma lei castradora. Também podiam comparar a lei com o que diz o Prof. Sidónio Pais, principalmente a R.A.N. A questão do livro, e aqui peço desculpa, efectivamente foi o ponto verde que o referiu (ainda o homem diz que é ambientalista) apresenta o modelo americano como bom. Em que um empreendedor constrói e depois é fiscalizado, se estiver de acordo tudo bem, se não ... Está a ver é complicado.

Um abraço

AV disse...

Você lá pega na questão da "incompetência". Lá saberá porque fala tanto disso.

É óbvio que eu não serei capaz de escrever um "bom post" sobre assunto algum. Mesmo que tente, e mesmo antes de se informar sobre o assunto, há logo quem me chame "tendencioso".

Mas ainda quanto à REN, que insiste em meter-me pelas goelas abaixo, também gostaria de saber se certas desanexações à la carte também são impostas pela lei".

Quanto ao resto, é palha, só palha, mas eu mesmo se fosse burro, neste momento não estou com fome.