sexta-feira, julho 14, 2006

Polémica ou mera cortina de fumo?

Quando o processo de revisão do PDM entra em absoluta fase de desvario, só concebível onde a competência técnica bate em retirada e debandada, perante as "decisões políticas" em sucessivo zigue-zague, é que os opinadores locais podem falar em "polémica" sobre um assunto como a questão da GNR no concelho, velha de décadas e apenas com um ou outro novo desenvolvimento.
Vamos por partes, de forma clara e para não nos deixarmos distrair com as cortinas de fumo lançadas pela Situação para armadilhar uma Oposição, aparentemente demasiado ingénua:

1) O problema da GNR no concelho não passa só pela questão das instalações e da sua localização, passa essencialmente pela (falta) de brio de muitos dos agentes e responsáveis que passaram pelo posto da Moita, em especial nos anos 80 e 90. Com esta ou aquela justificação, a começar pela "falta de condições", muitos agentes andaram na caça às "borlas" e a fazerem pela vidinha deles. As mesmas viaturas que demoram 30 minutos a chegar a Alhos Vedros em casos de emergência, chegam ao Modelo num instante para as compras matinais. E os mesmos agentes que fazem vista selectiva ao mau estacionamento em todo o lado, são depois os mesmos que quando passam multas, parecem estar à procura de outra coisa. Não são todos, não sei sequer se são a maioria, mas já dei com muitos deles.

2) Quando um tipo diz ou escreve uma coisa e outro diz ou escreve outra sobre um dado assunto, isso não significa que exista uma "polémica" ou mesmo uma "guerra", de palavras ou opiniões. Só por aqui - e estendo a classificação a todo o país - é que tal coisa se considera uma polémica. Aliás, se no caso da (in)segurança no concelho a da troca de pontos de vista/mimos retóricos entre o António Chora e o Manuel Madeira (e por via indirecta entre o PC e o Bloco) podemos falar de polémica, então podemos considerar que a cena do Vasco Santana a pedir lume a um candeeiro no Pátio das Cantigas é uma discussão filosófica.

3) Sendo o PDM o instrumento mais importante de uma política autárquica de médio prazo, mas que pode hipotecar todo o futuro, não percebo como parte da Oposição se deixa desviar para conversas laterais, destinadas a produzir ruído sobre o essencial. Cada um tem a sua agenda, mas quando a agenda de uns se deixa ludibriar pelos truques de outros estamos bem servidos. Mas isto é apenas o costume. Uma Situação que, nem que seja com base na experiência, conhece quase todos os truques, e uma Oposição a patinar de barriga para o ar, depois de escorregar na casca de banana. Meus ricos amigos, quando eu ia apanhar o comboio nos anos 80 para ir para Lisboa (ou no regresso), chegavam-se a fazer grupos pelas 7 da matina ou da noitinha de Inverno por causa dos assaltos que se faziam ali nos acessos à estação da CP. Há anos atrás - e há não tanto tempo - tivemos assaltos em plena luz do dia no centro de Alhos Vedros. Se calhar, não muito longe do sítio onde alguns agentes estavam a fazer o "lanchinho" da manhã. Tal como, nos anos 70, a guarda fazia sempre questão de chegar pelo caminho mais longo quando havia assaltos "políticos" à sucursal do BPA. A história é velha, todos a conhecemos. A solução passa por uma ética de serviço público das forças de segurança. Por aqui, portanto, estamos tramados mesmo que lhes façam um palácio para se instalarem em cada freguesia.
Já o assunto do PDM, não sendo novo, é algo estruturante, em que seria interessante perceber se alguém da Oposição está motivado para colocar em causa. É que se todos estão de acordo com as opções de (sub)desenvolvimento vergado aos interesses particulares, e só uns quantos blogueiros destoam do unanimismo betonizante, é melhor que o digam claramente, que por aqui ninguém tem problemas em lutar sozinho ou em grupo muito pequeno contra as legiões de betoneiros, mesmo que seja só com a força do Verbo.

AV1

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